domingo, janeiro 08, 2006

A canção de amor dos condenados

Só a mais nova das três irmãs era feliz.
A primeira irmã era tão amorosa que secava o pecado.
A segunda irmã era tão casta e bondosa que parecia secar rios de lágrimas.
A terceira irmã era a menos apaixonada. No entanto, esta parecia secar toda a virilidade à sua volta.
Talvez por ser tão nova, coube-lhe expiar o que era ausente nas irmãs. Nunca um corpo tão jovem expiou tão publicamente o sexo que nascia da recusa. E, no entanto, para horror de todos, ela era feliz no seu escatológico sacrifício sexual.

[João Silva]