sexta-feira, dezembro 30, 2005

Um palhaço

Edinho, habituado pelas agruras da vida a mentir, gostava muito de brincar com os sentimentos das pessoas que o rodeavam. Brincar é o termo certo. Edinho brincava com as palavras, com as respirações, até chegar aos sentimentos. Dos outros, claro. Por outro lado, Edinho nunca brincava com os seus próprios sentimentos, até porque não os tinha.
Emoções não entram no jogo da vida. Pelo menos para pessoas falsas e venenosas como Edinho. O problema é que Edinho era palhaço, e os palhaços choram e sofrem, mais até do que as pessoas comuns. O que leva a pensar que Edinho não era nenhum palhaço de circo e que, por conseguinte, pode andar, neste preciso momento, pelas ruas a enganar velhotas e a espalhar o perigo pelas aldeias.


[Paulo Ferreira]