quarta-feira, setembro 28, 2005

White Blood Cells


Depois do lançamento de um álbum bastante peculiar, pelo menos diferente na dinâmica geral da música, como foi Get Behind Me Satan (2005), os White Stripes voltaram, no entanto, aos píncaros da crítica internacional do cenário musical, arrecadando alguns prémios e sendo nomeado para outros mais mediáticos (como sendo o da MTV). No entanto, e embora tenham uma carreira quase imaculada (mesmo as piores composições exercem uma estranha atracção sobre quem os ouve), Jack e Meg White têm, em White Blood Cells (2001), aquele que é, certamente, o seu álbum mais equilibrado. Nenhuma das músicas parece emergir com mais pretensões que o restante alinhamento - ao contrário do que surge, como exemplo flagrante, em Elephant (2003), com um Seven Nation Army irritantemente catchy (logo viciosamente comercial).

Mas White Blood Cells tem muitos trunfos. Abre com uma composição inconfundível (Dead Leaves and the Dirty Grounds) para quem tem prestado alguma atenção à banda dos senhores «White». O tom quase cerimoniosamente meloso de We're Going to be Friends contrasta, claro, com a maioria das suas músicas. Já uma simplicidade nas composições, anunciando a maturidade (mas também a ambiência, o que é menos bom) rock do último álbum, está em The Union Forever e Offend in Every Way, as menos furiosas das músicas. Ainda assim, numa banda onde o feedback e uma certa força a mais das e nas guitarras é sinal do regresso de um saudável rock nostálgico de cerca de 70's, há sempre espaço para mais do mesmo (sem experimentações de estilo e de género), o que, num género de música que não é necessariamente comercial, é admirável.

[João Silva]