segunda-feira, setembro 26, 2005

O sr. Hollywood

George W. Bush, invicto presidente dos EUA, teve, sem dúvida, uma tarefa difícil em ultrapassar uma sociedade cada vez mais mediatizada. Mas sejamos mais solidários com o Partido Democrata e com os partidos normalmente ditos de «esquerda» (como licença cultural) pois, dos jornais à televisão, sem menosprezar esse anónimo potentado que é o «Sr. Hollywood», são eles que vão buscar mais apoios a essa cosmopolita massa de gente. O «Sr. (ou Sra.) Hollywood» é uma qualquer personalidade ou personagem que se junta às caravanas ou comícios presidenciais desde as primárias dos partidos, assim que fica definido e esclarecido o mais importante candidato: o mais multifacetado e mais vazio é aquele que, sem dúvida, terá o maior número de apoiantes (geralmente, actores e realizadores sem grande sucesso individual na sua profissão).

Para além de mentes tão brilhantes como Springsteen ou Puff Daddy (ou qualquer que seja o actual poético epitáfio do referido vadio), também senhoras mais sui generis dão o seu excelso contributo. Leia-se o que dizem Adrian Wooldridge e John Mickletwaith no seu Right Nation: «One Democratic presidential candidate from the 1980s who happened to have run a decent-sized state once complained to one of us about having to take lectures from Whoopi Goldberg about fiscal policy». Problema que, tendo em conta a qualidade e aceitação gerais da cinematografia portuguesa dentro e fora do nosso país, não ameaça as forças políticas - e os candidatos presidenciais, «já agora» (expressão privilegiada) - portuguesas. Triste seria que José Sócrates, em busca de mais confiança dos consumidores de televisão, se aliasse ao voluntarismo de Herman José ou a um peso pesado como esse esquecido Eládio Clímaco. Como advertência, há que sublinhar um conceito de decadência: Whoopi Goldberg. Pensem nisso...

[João Silva]