terça-feira, julho 26, 2005

Luz esplêndida

Escrever sobre mulheres é como escrever sobre um assunto sobre o qual muito se fala mas muito pouco se sabe. Escrever sobre mulheres pode tornar-se uma tarefa arriscada, já que pouco se sabe sobre o assunto, e os estudos disponíveis no mercado não são totalmente esclarecedores. No entanto, mesmo sabendo tão pouco sobre um assunto de tão árdua compreensão, não resisto a tentar divagar um pouco sobre um dos maiores mistérios das tardes de Verão, que é o seguinte: pernas de mulher, geralmente, bronzeadas.

Para quem passa várias tardes em cafés a ler ou, mais ocasionalmente, a conversar, este não é um tema novo. Com efeito, a presença de pernas de mulher bronzeadas no imaginário de um leitor de café é constante, mesmo que essa presença constante permaneça eterna e irreversivelmente na imaginação. A realidade, que muito pouco se relaciona com a imaginação, não entra nestas contas. Assim sendo, dir-se-ia que, o leitor de café é um privilegiado e, ao mesmo tempo, um desafortunado. Isto porque é a imaginação que funciona e é ela que não tem margem de erro. A realidade, quando não erra, simplesmente não funciona. Por isso, o leitor de café limita-se a assistir a um desfile constante de pernas bronzeadas que, na maior parte dos casos, não possuem cara. O pior é que o ritmo do desfile é frenético e a imaginação, ao contrário da realidade, não pára.

[Paulo Ferreira]