terça-feira, maio 10, 2005

Andar para a frente

Com a subida de José Sócrates ao poder, gerou-se a ideia de que Portugal, e o mundo em geral, melhorarão substancialmente. Com António Guterres foi a mesma coisa. Não é de estranhar que, nos próximos meses, a camada intelectual deste país se volte a reagrupar nesse grande consenso que é o Estado. O Estado paga a cultura, os panfletos propagandísticos aparecem. Sendo o Governo de Sócrates de «esquerda moderna», melhor. Ou seja, com a subida de José Sócrates ao patamar político português, Portugal tem todas as condições para andar para a frente. Eduardo Prado Coelho, Inquisidor-Mor da República, concordará comigo.
Porém, dado que o mito do eterno retorno tem muita influência nestas coisas da política , especialmente na política portuguesa, é natural que, daqui a uns anos (oito?) , Portugal esteja no fundo novamente, e que o povo (em vez de povo, poderia ler-se comunidade intelectual) diga que está farto de miséria.

Conclusão: o «andar para a frente» português, não é, na maior parte das vezes, um verdadeiro andar para a frente. O andar para a frente é apenas mais uma ilusão de que a utopia venceu, quando, no fundo, todos nós sabemos que o andar para a frente, em Portugal, é permanecer no mesmo sítio.

[Paulo Ferreira]