sexta-feira, março 11, 2005

Adeus Lenine

Na Quadratura do Círculo, José Magalhães trava uma luta ingrata contra uma maré ideológica. Carlos Andrade, Pacheco Pereira e Lobo Xavier não se inibem de provocar Magalhães e pedir-lhe que se cale. E razões não faltam para contrariar este senhor. Magalhães é irritante, interrompe a argumentação dos outros, interrompe as conversas dos outros, troça das opiniões dos outros, julga-se dono de uma Verdade institucional (agora, sim, institucionalizada), contrai a cara, acusa Lobo Xavier e Pacheco Pereira, mente, defende o Partido Socialista a todo o custo, como uma doença crónica.

Enfim, José Magalhães parecia dispensável. E digo bem - parecia. Pois agora, que segue para o governo, para assumir, se não me engano, o cargo de Secretário de Estado da Administração Interna, sinto que faz lá falta. Mesmo entrando Jorge Coelho para o mais descarado lugar propagandístico do PS (a par da coluna de Augusto Santos Silva no Público), aquela cadeira vai sempre parecer um pouco mais vazia.
Os «inimigos» são o nosso maior vício. Ficamos impotentes sem ele. Portanto, José Magalhães, curiosamente, vai deixar saudades, em especial aos que o detestaram durante anos. Eu, pelo menos, já tenho saudades.

[João Silva]