terça-feira, novembro 30, 2004

O repasto do cabinet

O grande problema do efémero (sem encarar a obscura hipótese de candidatura e vitória) governo de Santana Lopes não é a memória das suas anti-reformas e das suas maquinações no executivo, nem a sua má imagem de político e de líder. O grande problema é o precedente que se abriu: que, depois de Santana, qualquer um pode vir a ser primeiro-ministro...

[João Silva]

O fim da aventura

Aconselho a leitura deste post no Abrupto. É possível que, em alguns círculos, se encare a «proposta» de José Pacheco Pereira com muita seriedade. Com duas frentes de combate muito próximas, provavelmente o regresso do Prof. Cavaco Silva poderia ser uma opção inédita mas promissora. Reformas, precisam-se - e não são as de uma maioria PS/Sócrates...

[João Silva]

Comédia

Enquanto representávamos os últimos actos da nossa farsa, reparaste que ninguém em redor prestava atenção, senão eu. Apenas eu ouvia o piano que acompanhava a tua voz seca e sem vida. Quando saíste de cena e as luzes se acenderam, o piano continuou num lânguido compadecimento da minha existência - por fim consciente de si mesma.
Ainda com as lágrimas falsas no rosto, procurei-te na realidade. Procurei-te nas fronteiras de nós os dois, que nunca se moveram. Encontrei-te no êxtase da banalidade, no meio dos sátiros, de onde me lembraste (rindo) que o único trágico era eu.

[João Silva]

Nota

A demissão de Henrique Chaves do governo liderado por Pedro Santana Lopes, levantou, como não poderia deixar de ser, uma nova onda de pessimismo em relação ao estado do país. Contudo, não posso deixar de referir que nada do que se tem passado neste país me choca. Não choca, mas entristece.
Dizer que Santana Lopes é um mau político, também não contitui novidade para ninguém (julgo eu) . O pior é que a má qualidade política de Santana Lopes não é uma excepção à regra. Pelo contrário, tudo o que possa vir depois dele, é da mesma qualidade.

PS - Há uma pessoa que merece ser mencionada, sempre que o assunto seja o actual primeiro-ministro: Jorge Sampaio. Ora, o Presidente da República, na sua eterna procura de estabilidade e de consensos, mais não consegue que revelar a sua própria fraqueza.

[Paulo Ferreira]

segunda-feira, novembro 29, 2004

Demissão no Governo

Nova onda de crise no governo. “Henrique Chaves demitiu-se ontem do Governo em ruptura com o primeiro-ministro, de quem é amigo pessoal, quatro dias depois de tomar posse como ministro do Desporto e da Juventude.” (fonte Público).
Queixando-se de despromoção na nova remodelação governamental, Chaves, bateu com a porta, queixando-se ainda que enquanto ministro-adjunto do P.M. as suas funções seriam meramente protocolares.

É um assunto sério. O facto é que desde que Santana Lopes entrou em funções o seu governo tem demonstrado uma inabilidade geral para gerir o país e ele o seu próprio executivo.
Tendo-se reunido hoje com o Presidente Sampaio, tendo já marcado uma nova reunião para quarta-feira, há quem diga que uma dissolução parlamentar poderá estar em vias de facto. Eu pessoalmente não acredito. Neste momento Jorge Sampaio está de mãos completamente atados, sendo que passar por uma crise executiva ou seja de governo, é sempre preferível a passar para uma crise nacional, a qual, uma dissolução do parlamento originaria.
A verdade é que Sampaio já teve a sua oportunidade. Não a aproveitou e agora não pode voltar atrás. Se o fizesse correria o risco de tornar de Santana Lopes um mártir. O homem, ao qual ninguém deu condições para governar. Todos sabemos como Santana é bom a fazer o papel de coitadinho.

Deixemos correr a tinta no papel. Esta situação fará mossa como tantas outras mas não estragará o veículo (o qual nunca foi grande coisa na minha opinião). A verdade é que a demissão de Henriques Chaves foi feita publicamente, ao invés de uma demissão silenciosa, o que seria de esperar vindo de um amigo Santanista. Resta saber se não existirá aqui um programa oculto de qualquer uma das partes.
A ver vamos.

[Tiago Baltazar]

O Congresso do PCP

“Neste passado fim-de-semana, ocorreu o congresso do PCP. Onde, entre diversas comunicações inflamadas de critica interna, ocorreu a eleição por sufrágio secreto do novo secretário-geral. Entre os 3 candidatos foi Jerónimo de Sousa quem consegui reunir mais votos.”

Será que alguém consegue imaginar uma notícia deste género na dura realidade actual?
Só mesmo imaginado é que se consegue prever algo assim. Até por mim, que a escrevi me custa a acreditar que tal pudesse ser verdade. Não foi. O congresso ocorreu sem percalços. Os renovadores foram banidos. O Comité Central reuniu um maior consenso ortodoxo. Jerónimo de Sousa foi eleito, por voto secreto! por esse mesmo órgão. A democracia aqui, tal como escrevi mais acima, é pura ficção.
E entre tudo isto ainda houve tempo para o nosso Camarada Álvaro Cunhal, actualmente mais perto da cova do que da vida, dirigir um discurso às massas vermelhas do partido. “Viva o Marxismo-Leninismo” disse ele. Pois que Viva!

[Tiago Baltazar]

domingo, novembro 28, 2004

A infantaria vermelha

A mítica «imagem» dos comunistas como pessoas que, no Alentejo, faziam desaparecer as crianças (supostamente, comiam-nas), já se desvaneceu há muito. A propaganda salazarista (e característica de uma linha dura da direita europeia e norte-americana) que ilustrava o militante comunista como um «ser diferente», apesar de criar uma crença que perdurou, ao longo de gerações, até aos meus ouvidos, não fez mais que ridicularizar, não o Partido Comunista Português, mas o próprio governo de Salazar durante meio século. No entanto, ao ver o recente Congresso do PCP, e a carga político-emocional que comportou, não consigo evitar pensar na estranha fatia de realidade que sobra do bolo propagandístico da reacção mais anti-comunista.

O PCP não é um partido como os outros. Nem o PNR, na clandestinidade, consegue dar uma imagem «tribal» mais forte do que aquela que os comunistas deram em Almada este fim-de-semana. Mas há que atribuir-lhes algum mérito. Como disse, são um partido de excepção. No meio de uma generalidade político-partidária de carreirismo narcisista e de recíproca adulação juvenil, continuam firmes os comunistas de «linha dura», da «velha guarda», sem dúvidas das suas convicções, e sem sede de poder. Apenas uma coisa figura na mente dos leninistas, jovens e velhos: o «combate». De facto, como partido que jura «combater» tudo e todos (sem olhar a despesas e, sobretudo, sem olhar a sacrifícios, como manda a máxima de Lenine), o PCP conseguiu estabelecer-se, depois do 25 de Abril, como um partido ameaçador no apoio aos sindicatos de trabalhadores (sindicalistas «moderados», note-se).

No entanto, e passando por cima de toda e qualquer análise desnecessária da ideologia patente, podemos, sem problemas, olhar para as criaturas que se juntaram, iradas, em Almada, e verificar que eles não são como nós. Que, politicamente, não são cidadãos livres de um país democrático. Continuam a reconstruir, tijolo a tijolo, com as suas próprias mãos, o muro que uma URSS de Guerra Fria colocou na RDA. Continuam a acreditar, não só nas constatações de Marx ou Hegel, mas no «pioneirismo» de Lenine, Estaline ou Castro. Continuam a votar de braço no ar (agora sem foices, ancinhos e espingardas) para eleger tudo o que seja preciso. Continuam sem pudores entre si, dando opinião publicamente (resultando, por isso, em gordas vitórias de 99% no domínio interno). Continuam, sem tirar nem pôr, a pensar na fórmula mais simples e sangrenta da História: Revolução.

Mas o que mais assusta um liberal ou um conservador habituado a olhar de soslaio para quem enaltece o «oásis cubano» não é o partido sem cara ou a sua ideologia. É, precisamente, a sua «juventude», a sua JCP - na sua maioria, meninos de fraldas, mochilas e lenços palestinianos ao pescoço que, por troca de uns momentos divertidos e «diferentes», juram beijar o retrato de Guevara ou Lenine e prontificar-se para causar distúrbios e desordem quando o chamamento chegar. É vê-los, ainda sem tempo de respirar o ar pós-uterino, abraçados e a gritar máximas partidárias de punho no ar. No fundo, é ver que, mais de 150 anos volvidos sobre o nascimento de um socialismo sangrento (que Marx se esqueceu de emendar antes da sua morte), continua a ser passada, de geração em geração, uma mensagem simples e romântica: que todos os milhões de vítimas internas dos regimes comunistas (União Soviética, China, Cuba, Coreia, etc, etc) foram apenas um gigantesco e corajoso sacrifício por um ideal de sociedade que é possível e está sempre próximo. Salazar não tinha razão quanto aos comunistas que comiam criancinhas, mas ver rapaziada, que em tempos sabia pensar, ser engolida pela imortal utopia do PCP, não deixa de ser assustador...


(Quadro: Rosas Para Estaline, Boris Ieremeevich Vladimirski, 1949)

[João Silva]

Justiça mediática

Se tivesse que escolher o pior momento da semana televisiva, escolheria, sem dúvida alguma, aquele em que Carlos Cruz, homem acusado de pederastia, é injuriado pela multidão faminta de sangue.
Independentemente da inocência do homem, o que se passou à saída do tribunal é vergonhoso. É vergonhoso para nós, seres humanos, que conseguimos, de manhã, pôr em causa a integridade intelectual do presidente americano e, à noite, agir como gorilas.

Contudo, desta vez a culpa e a estupidez não morrem nas garras ensanguentadas dos populares que ansiavam pelo final da primeira, das muitas, sessões do julgamento real. A culpa, desta vez, é dos jornais, das televisões que, muito tempo antes do início do julgamento, já tinham julgado os réus, como se tivessem o dom de fazer justiça através da televisão e de manchetes de jornal. O povo, esse, por muito ignorante que seja, não tem culpa, já que é essa mesma ignorância que o lava com água benta depois de cometer as maiores barbaridades.

[Paulo Ferreira]

sábado, novembro 27, 2004

De Canas de Senhorim para o país

Os últimos casos de estupidez em zonas do Portugal profundo lembraram-me de uma coisa deveras importante: Canas de Senhorim não é uma terra abandonada pelo progresso. Não.Canas de Senhorim é o próprio “progresso”.

Aquele Portugal profundo que luta por um estatuto insignificante através de autênticas insurreições armadas, explica-nos, no fundo, o que é Portugal e o que são os portugueses: um país que ainda não se deu conta da sua inexistência, habitado, maioritariamente, por parolos nostálgicos que desejam ver a sua própria ignorância reconhecida. Em certo sentido, todos os que querem ver a sua própria ignorância reconhecida são progressistas, já que julgam conhecer o caminho que levará este pardieiro à glória e ao desenvolvimento. Assim sendo, são afectados pelo ideal progressista aqueles indivíduos que desejam ardentemente um Concelho ( o Concelho do desenvolvimento), tal como, são progressistas aqueles seres que sonham com um Portugal que morreu no século XVI, e que não tem a mínima hipótese de renascer.

Enquanto não percebermos que estamos todos condenados, não percebemos que ser freguesia, município ou concelho, não é diferente de sermos nada.

[Paulo Ferreira]

Eternal Sunshine of the Spotless Mind



[Paulo Ferreira]

sexta-feira, novembro 26, 2004

Blue skies bring tears

Dança só mais um pouco, dizias, quero-te conhecer melhor. Mas eu nunca dancei. Nem esse bocadinho que me pedias. Sabes, era menino. E tu... Bem, tu sempre foste tão mais velha que eu. Tão mais experiente...
Não querias sofrer, dizias. Por nove meses tinhas amado. Por nove meses tinhas sofrido. E, agora, passado tanto tempo, sou eu a gaivota que bate no convés até se tornar pedra e mar.

[Paulo Ferreira]

Um clássico a rever



Um dos melhores filmes de sempre no seu género, injustamente esquecido, excepto cá por casa...

[João Silva]

quinta-feira, novembro 25, 2004

A Remodelação de Gomes da Silva

Soube-se hoje que o “Presidente da República forçou a remodelação de Gomes da Silva”. Ora, a meu ver, isto é uma excelente acção política mas uma péssima acção democrática.
Atendamos. Este acto de remodelação não passa de pura camuflagem perante tudo o que se passou relativamente à “crise” na comunicação social portuguesa.
Das duas uma. A ser verdade que Gomes da Silva terá influenciado de alguma forma a crise gerada pela saída do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, então, este homem deveria ser demitido, ponto final. Por outro lado, se fosse na convicção do Presidente da Republica e do Primeiro-ministro, que a sua actuação parlamentar (vergonhosa aliás) em nada teria afectado o que se passou na TVI, então o homem não deveria ser tocado do seu cargo. Poderia-se dar um puxão de orelhas ou uma chapada na cara para ele tomar tento, mas nada mais.
Assim, sendo que o Presidente da Republica tem suspeitas relativamente ao sucedido, Sampaio está a cooperar para mascarar todo o processo, numa tentativa de mudar dali o homem para ver se o pessoal esquece.
O problema é que provavelmente vai esquecer.

PS - 1: Sampaio actualmente é um presidente sem poderes. Nada pode fazer relativamente a este processo excepto pedir um jeitinho ao Primeiro-ministro, com o risco de, se pedindo a demissão de Gomes da Silva e Santana Lopes a negar, se entrar numa crise institucional, o que poderia originar uma dissolução parlamentar.
Actualmente, Sampaio nada pode fazer excepto chumbar projectos de lei. Isto não é um Presidente. É um carimbo. “Chumbado!”

PS – 2: Segundo consta, Santana teria ficado insatisfeito com o próprio Gomes da Silva relativamente a todo este processo, mas o máximo que fez foi mudar-lhe o quarto.
É este o problema quando se tem “Boys” na política. Temos que ser atenciosos e não responsabilizar os actos de outrem, para não ferir o orgulho. Ainda que esse alguém seja um idiota que deve ser responsabilizado. O Primeiro-ministro esquece que a sua principal responsabilidade é para com o povo português (apesar de nunca ter sido eleito para o cargo), e que os amigos devem vir depois.

[Tiago Baltazar]

By What Means Redmond Barry Acquired the Style and Title of Barry Lyndon

Ao que parece, eu, o Paulo e o Bruno não temos «capacidades», e especificamente a capacidade de «caminhar em direcção a um progresso mental» que, com naturalidade, destrói a religiosidade, a Providência Divina e as «amarras» do séc. XVIII. O que a Ignorância de Babar na Gravata parece não saber, ou doutamente não se lembrar, é a de que o século a que se refere, ao roçar o tema da religiosidade, ramifica a oposição à religião em dois: a postura jacobina; e a postura indiferente mas legitimadora da «reacção». Visto que nos encaixotou (termo correcto, encaixotou, pois o orador saiu das trevas) no lote dos religiosos (e confesso que não percebo porquê, pois a vivência mundana impede o meu apego ao Senhor), a atitude só pode significar uma coisa: que nós somos a reacção e ele a luminosidade decorrente da sapiência antropológica Jacobina. Lá dizia Dostoiévski: Se Deus não existe, então tudo é permitido, até a imortalidade de Robespierre...

[João Silva]

Reminiscência



[Paulo Ferreira]

quarta-feira, novembro 24, 2004

Lisboa em Dezembro

Falta um mês para o Natal. E as livrarias, que o Senhor agraciou com dotes de marketing e vendas, sabem o que gente como eu quer (todo o ano): livros. Os preços baixam. Diamantes em bruto esgueiram-se do fundo dos armazéns a preços de contrabandista. As prateleiras enchem. As importações chegam, sem «portes de envio» incluídos. As notas revolvem, as moedas fervilham nos bolsos. A FNAC (abençoada cooperativa) manipula as mentes dos doentes de bibliofilia. Como qualquer português influenciado pelos anos guterristas, Dezembro significa (quanto a livros), apenas, uma coisa: descontrolo orçamental.

[João Silva]

Portugal: uma partida do Senhor

Vejo, na RTP, o Primeiro-Ministro de Portugal dizer que «adora a imprensa» e que «lê, todos os dias, toda a imprensa, nacional e estrangeira, em 15 minutos». Vejo, noutros canais, os «levantamentos» de Canas de Senhorim e uma senhora que diz «isto é um massacre! Isto é um Timor». Vejo os dois e percebo que os governantes são o espelho dos governados. E, em Portugal, já há muito que estavam a merecer Santana Lopes...

[João Silva]

terça-feira, novembro 23, 2004

Buongiorno, Notte de Marco Bellocchio

Bom Dia, Noite.
A 16 de Março de 1978, Aldo Moro, presidente dos Cristãos Democratas, é raptado pelas Brigadas Vermelhas.
O filme perpassa os quase 2 meses de cativeiro de Moro. Sem trama adicional de relevo, excepto o constante pulsar de consciência de Chiara, uma das raptoras, o filme diz pouco. Mas, é um diz pouco que, ao mesmo tempo, diz muito.
O filme, devo dizer, é algo monótono (ou seria o meu cansaço pessoal do dia?), mas contêm momentos de pura excepcionalidade. Nomeadamente, os diálogos de Moro com um dos seus captores, onde por um lado Deus e Jesus são as crenças dominantes e do outro Marx e Lenine mostram a sua mais crua face. Outro dos momentos mais fascinastes é, como já disse, os devaneios morais de Chiara, a qual demonstra a sua insatisfação com o plano de assassínio do senhor Moro, bem como, o drama pessoal vivido por Moro durante o tempo de cativeiro.
Deste filme, muito se pode extrair, mas penso que é de realçar em particular as semelhanças entre o fascismo, o qual é inserido através de flashbacks, e o comunismo. A irracionalidade, a ignorância e a estupidez de um, em nada retira ao outro e pode-se facilmente comprovar que quer o fascismo, quer o comunismo são apenas faces de uma mesma moeda.
Aldo Moro é assassinado a 9 de Maio de 1978.

[Tiago Baltazar]

segunda-feira, novembro 22, 2004

O concerto

No caminho de casa, ouço na rádio o Fórum Ouvinte da TSF. Tema: futebol. Mas a essência do famoso fórum não está no tema, mas sim no próprio «ouvinte» (ah, multidão sem cara). Diz um ouvinte que «certos senhores [árbtiros] da UEFA, de insígnias da federação ao peito, deviam pôr os olhos num rapaz, que não devia ter mais de 25/26 anos, que, num jogo de 2ª, deu um concerto de apito» e confirmou que «aquilo é que foi arbitrar».
O festival de expressões populares continuou, mas eu, só por ouvir o primeiro «ouvinte», já tinha ganho o dia...

[João Silva]

Mute voice



E ao que parece até gosta de Dostoiévski...

[João Silva]

domingo, novembro 21, 2004

A Constituição Europeia

“Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?”

Sejamos sérios. Isto não é, repito, não é uma pergunta. Uma frase tão extensa apenas se torna num conjunto de palavras confusos às quais aparentemente só existe uma resposta. Essa resposta seria um ténue “talvez…”, mas, claro está que, no referendo não podemos responder talvez e portanto passamos para uma outra resposta, “Sim…”. Este é daquele caso típicos que tantas vezes acontecem em que conversando com alguém não estamos a perceber puto do que o outro nos diz e, como não temos coragem de pedir para repetir e ser mais explícito, vamos como uns bonecos mijões (daqueles que se vendem agora para as crianças – já agora, qual é a graça de uma boneco que se mija?) abanado a cabeça que sim.
É nisto que querem fazer dos portugueses. De bonecos que dizem sim. E a verdadeira pergunta por trás do referendo é realmente essa: “Querem ser bonecos?”

Como disse Jorge Miranda, um ilustre constitucionalista, a pergunta «é esquisita por meter vários assuntos», e «é capciosa e feita para atrair votos favoráveis». Ainda segundo Jorge Miranda, esta pergunta serviria para os parlamentares forçarem uma nova revisão constitucional.
Talvez, mas penso que não. Afinal, isso já foi discutido e o PS, sempre se negou a uma nova revisão constitucional. Não por a constituição ser perfeita, longe disso, mas porque segundo a proposta da coligação PPD-PSD / CDS-PP aproveitar-se-ia a mexida para eliminar a carga ideológica socialista da dita constituição na tentativa de criar um documento mais neutro e vazio de ideologias, de modo a que qualquer que fosse o governo, este pudesse melhor governar.
Percebe-se porque a revisão não foi feita, e como disse o Pedro Mexia ontem no “Eixo do Mal”, devemos ao Partido Socialista esta “língua de trapos”, com que foi constituída a pergunta.

Já Pacheco Pereira avisou que esta pergunta «é um insulto a todos os portugueses». Mas o pior é que os portugueses não se sentem insultados. Acham giro por não perceber. E que diabo, alguém há-de explicar antes das eleições. Outra má ideia. Os partidos não vão explicar. Os partidos vão propagandear o Sim, quer o CDS, quer o PSD, quer o PS.
Afinal, todos querem o mesmo. Mas a pergunta mantêm-se, será que nós queremos o mesmo que eles?

Temos que ter em atenção. O facto de a constituição Europeia ser rejeitada não destrói a União Europeia, não a coloca sequer em risco, a única consequência de um Não no referendo é de tudo ficar igual ao que é.
Como já alguém disse outrora, “mudar para quê, se já estamos tão mal”. É verdade, isto não melhora, e portanto, é melhor não mexer muito não vá a coisa estragar-se.

[Tiago Baltazar]

Museum of Modern Art

Abriu este fim-de-semana o novo Museum of Modern Art (MoMA), em New York.
Existindo desde os anos 30 (1929), passou por várias remodelações, mas a sua nova casa é um primor. Do arquitecto Yoshio Taniguchi, o novo espaço, uma zona ampla e iluminada, ocupa cerca de 11 613 metros quadrados e 6 andares, entre espaço de exposição, escritórios, auditórios, centros de investigação, café e tudo mais.
Recolocado em Queens, numa operação que custou 852 milhões de dólares, o MoMA é um espaço impressionante (ainda só vi fotos), sendo que ele próprio é uma obra de arte. E por 20 dólares merece uma visita por todos aqueles que por felicidades passarem por New York.
Das suas obras mais conhecidas destacam-se a “Dança” de Matisse e “A Persistência da Memória” de Dali, entre outras, desde helicópteros, a automóveis, passando pelo conhecido Jardim das Estátuas.
É caso para dizer, só não vai quem não pode.

[Tiago Baltazar]

A ONU

A ONU tem estado assombrada pela suspeita da corrupção. Não vou dizer que já sabia, mas digo que já adivinhava.
Kofi Annan, segundo se sabe, tem desenvolvido alguns comportamentos estranhos perante os seus mais imediatos colaboradores. E as esferas inferiores da organização têm-se demonstrado indispostas com todo este mal-estar. Afinal, o protectorado entre amigos nunca sabe muito bem.
Quem não defendia uma revisão de toda a estrutura da organização das Nações Unidas, tem agora uma oportunidade de rever a sua posição.
E espanto dos espantos, nada disto teve a ver com a actual guerra no Iraque.

PS: Li que Annan e alguns dos seus colaboradores poderiam ter usufruído e desviado dinheiro aquando do «programa de petróleo por alimentos». Talvez valha a pena investigar, quanto mais não seja para se poder afirmar que era tudo mentira, se não for verdade.

[Tiago Baltazar]

Blaming Mankind

A 20 de Novembro de 1945, começou o julgamento de Nuremberga, para os criminosos de guerra alemães do conflito de 1939-1945. Uma das excepções em que um tribunal internacional é, mais que necessário, essencial para a sobrevivência da estrutura da Humanidade. Mais do que «nazis» que estavam a ser julgados, era o mais negro lado do Homem (de todos os seres humanos) que estava no banco dos réus.



[João Silva]

Blinking with fists (homenagem a uma adolescência antiga)



[Paulo Ferreira]

sábado, novembro 20, 2004

Uma Nota de Louvor

Uma nota de louvor para o dr. Morais Sarmento pela sua extraordinária capacidade de, de cada vez que abre a boca, dizer merda.

[Tiago Baltazar]

sexta-feira, novembro 19, 2004

Nothing left to say

Some of these days you'll miss me honey.

[Paulo Ferreira]

Bush, Truman and Jackson

Bush has made mistakes, even as Truman and Jackson did. But history judged them positively, even as (if present trends continue) it will judge Bush.

"National Review"

[Paulo Ferreira]

Insónia

Três da manhã. Estou sentado na cama, a observar um corpo irreconhecível, quase estranho. Toco-lhe hesitantemente. Mas, ele, corpo animalesco, não se move. Levanto-me. Procuro a janela. Afasto a cortina. Lá fora, na rua, o tempo parou.

[Paulo Ferreira]

Naomi Watts



[Paulo Ferreira]

domingo, novembro 14, 2004

Reacção

Depois do lúcido discurso de Marques Mendes, no Congresso do PSD, veio a reacção do aparelho, através do inevitável Morais Sarmento. O que Morais Sarmento disse não constitui surpresa para ninguém: limitou-se a exprimir a sua estranheza perante as críticas de Marques Mendes, um ex-ministro que se comprometera com um projecto de quatro anos.
Ora, vendo bem as coisas, não foi só Marques Mendes que se comprometeu com esse projecto. Foram muitos outros portugueses. Porém, nessa altura, ninguém poderia calcular que, a dada altura, teríamos que aguentar o homem dos mil ardis, Santana Lopes, durante dois anos.

[Paulo Ferreira]

Em nome do PPD

Fim do Congresso do PSD. Sem qualquer novidade, Santana Lopes foi, finalmente, «legitimado» perante a vasta plateia inanimada do Partido Social Democrata (PPD/PSD, como dita a moda, impregnada de nostalgia), que muito cochichou durante as longas declarações, e muito abraçou e acarinhou o líder no fim das mesmas, numa obscura estultícia. Rendidos à sabedoria, poucos foram aqueles que se atreveram a pensar o contrário do líder do partido, e ainda menos os que, elevando a voz, se arriscaram a levar um previsível puxão de orelhas e ver centenas de pessoas num grande menear de cabeças.

Francisco Assis, no fim do Congresso, disse que Santana teve um discurso incipiente e que dele «não saíu uma única ideia para o país». Não tendo em conta a ambiguidade de Assis, que se vai dividindo entre uma curiosidade por um PSD com nenhuma ideia, e um amor por um PS com, isto seja louvado, ainda menos ideias, não se pode encarar o discurso de Santana Lopes desta perspectiva de oposição. Pelo contrário: foi um Congresso, não para o país, mas para o partido (é igual para todos os partidos portugueses). Foi um discurso para as «bases» - para que são precisas, então, ideias?

[João Silva]

Uma meditação

Já estou a ficar velho, ainda que tenha
esta figura fixa sem idade,
e me mantenha em forma o aparelho
a que todos aqui somos sujeitos:
a correria cega, a suspensão elástica,
o salto em trave e trampolim de folhas,
e outras altas artes de ginástica.
Mas eu bem sei sentir além da aparência,
e já me aconteceu, ao visitar o canto
onde o mundo se acaba em chão de areia,
ali ver o meu fim anunciado.


António Franco Alexandre, Aracne

[João Silva]

sábado, novembro 13, 2004

Quando a cabeça tomba para trás e suavemente repousa no ar
como se repousasse num regaço, de uma avó, de uma coisa assim,
lembra-se de pormenores dos filmes do cine-clube , ninguém
tinha reparado nos traços de um jacto atravessando os céus, podia
lá ser, no tempo do quixote da mancha. Este miúdo vai longe.

Quando a inequívoca fotografia diz que não é mentira seres tu
o único que não ia descalço à escola, não diz senão isso. Os rostos,
todos, muito sérios e tristes, olhavam para um ponto distante
por trás do fotógrafo, de nós só aquilo restaria, aquele momento
que sempre nos disseram ter acontecido. E deve ter acontecido,
embora, olhando bem para mim não vislumbre nada de mim.

Não se notaria nenhuma diferença se eu fosse outro nessa fotografia
ou se aqueles rapazes estivessem todos calçados, se naquele tempo
nos perguntassem o que era o amor, apontávamos para cima, onde estavam
os pais, era uma pergunta difícil, talvez eles soubessem responder.
Éramos companheiros com os braços por cima uns dos outros para a escola
e quando um lagarto se assanhava à nossa frente ninguém se assustava.


Helder Moura Pereira, Lágrima

[Paulo Ferreira]

«Hail our leader!»



[João Silva]

quinta-feira, novembro 11, 2004

A opacidade de uma vida

É complicado verificar que o Mundo se rende à venda das emoções e de uma determinada perspectiva nas televisões e na imprensa.
Tal como Kadhafi, Arafat não teve qualquer evolução, mas sim uma evolução da situação internacional e dos interesses daí decorrentes, como a criação de uma imagem pessoal quase messiânica (que quis passar para a opinião pública do Ocidente). Mentiroso, cultor do ódio, pró-terrorista, foi um entrave às já de si fracas estruturas diplomáticas visando a paz, durante as Presidências de Clinton.
Não esquecer que, com um ser humano, morreu também uma figura sombria. Chorar um «herói da paz universal» que dedicou uma vida, não à salvação de um povo (palestiniano), mas à quase extinção de outro (Israel), é contraditório. E essa inversão de valores, da «nossa» parte, é, sim, digna de pena.

[João Silva]

Governo pretende investir 380 milhões de euros em projectos relacionados com a sociedade da informação

Leio no "Público": "Entre alguns dos novos projectos apresentados, contam-se a intenção de simplificar o processo de criação de empresas, a marcação de consultas nos centros de saúde ou de actos civis pela Internet, o lançamento de uma Academia para o Governo Electrónico, facilitar o registo de entidades no domínio ".pt" - para duplicar o seu número até 2006 - ou a participação de queixas às polícias por via electrónica."

Não dá para negar que a sociedade de informação tem um papel, cada vez mais, determinante para o desenvolvimento de um país. Mas, não será um pouco absurdo acreditar que, coisas como a participação de queixas às polícias por via electrónica reduzirá a burocracia em que vivemos enterrados?

[Paulo Ferreira]

A ler

Este post no Blasfémias sobre Arafat.

[Paulo Ferreira]

quarta-feira, novembro 10, 2004

Vetusto

Saio de casa, em direcção ao vazio. Comigo, levo apenas algumas imagens de uma infância perdida. De uma criança que já não reconheço.

[Paulo Ferreira]

Tempo de guerra

Estação de Metro do Campo Grande. 7h30 da manhã. O metro chega, friamente, e as portas abrem. O condutor do comboio dá, à multidão em fúria, 7 segundos para entrarem na viagem para a selva urbana. É generoso: mais 2 segundos de tolerância para as iradas senhoras, que se combatem na soleira das portas. Como sempre, apenas uma elite cabe. Não há lugar para todos no comboio dos civilizados. Eu, claro, fiquei na estação...

[João Silva]

terça-feira, novembro 09, 2004

To a shade

If you have revisited the town, thin Shade,
Whether to look upon your monument
(I wonder if the builder has been paid)
Or happier-thoughted when the day is spent
To drink of that salt breath out of the sea
When grey gulls flit about instead of men,
And the gaunt houses put on majesty:
Let these content you and be gone again;
For they are at their old tricks yet.
A man
Of your own pasionate serving kind who had brought
In his full hands what, had they only known,
Had given their children's children loftier thought,
Sweeter emotion, working in their veins
Like gentle blood, has been driven from the place,
And insult heaped upon him for his pains,
And for his open-handedness, disgrace;
Your enemy, an old foul mouth, had set
The pack upon him.
Go, unquiet wanderer
And gather the Glasnevin coverlet
About your head till the dust stops your ear,
The time for you to taste of that salt breath
And listen at the corners has not come:
You had enough of sorrow before death -
Away, away! You are safer in the tomb.


W. B. Yeats, Responsabilities

[João Silva]

segunda-feira, novembro 08, 2004

Paths of Glory (ou o maquiavélico Rove)

(...) We woke up to a Bush victory, an event of historic importance. The circumstances of George W. Bush’s 2000 triumph, won with a minority of the vote and secured through a probably illegal Supreme Court decision, conferred a doubtful legitimacy on his first term of office. This time George W. Bush and Dick Cheney have been granted an unequivocal mandate from the American people to carry out whatever policies they like.

(...) Most of the credit for this election victory goes not to the President but to Karl Rove, the Republican strategist known as Bush’s Brain. This sinister and unappealing individual met George W. Bush 25 years ago, spotted something everyone else had missed, and guided his unlikely protégé first to the Texas governorship, then to the White House and now to this famous second victory. It is a staggering achievement, and all British politicians will study Rove’s techniques with intense interest. This brilliant man has reversed the laws of political campaigning. Until Rove, conventional wisdom held that the key to victory lay with the suburban, white, middle-class voter. This was indeed the secret of Bill Clinton’s stunning victory of 1992, then copied by Tony Blair and his campaign strategist Philip Gould in 1997. Rove won this week’s election by rejecting this theory. He mobilised the Republican base, as I witnessed when travelling round the key swing states, above all Ohio, while making a film for Channel 4 in the weeks before the election. (...)


Peter Oborne, The Spectator, 6/11/2004

[João Silva]

domingo, novembro 07, 2004

Beginning of a cycle

O início de 4 anos que decidirão o desfecho de uma página na História dos EUA.



[João Silva]

sábado, novembro 06, 2004

Espelho

Entro em casa. Encontro o dilúvio sacramental dentro dos teus olhos de deus fementido. Percebo, então, que a minha igreja nunca foi feita de ouro.

[Paulo Ferreira]

Zooropa

Há dias atrás, lia num jornal que, se a opinião dos europeus contasse alguma coisa, George W.Bush não teria hipótese alguma de vencer as eleiçõe americanas. Alguns dias depois, verifiquei, sem espanto, que a unanimidade europeia, maldita unanimidade!, queria ver Bush fora da Casa Branca.

Com alguma ingenuidade, cheguei a acreditar, há muito tempo, que a Europa estava preocupada com o estado das finanças americanas, ou, até, com o futuro do Iraque. Mas não era isso, nem nenhuma outra coisa, que preocupava o mundo europeu. Os europeus tinham medo do “tirano” Bush, da mesma maneira que teriam medo do “inconsistente” Kerry. O problema não era Bush, assim como não era Reagan ou Clinton. Era mesmo a América.

[Paulo Ferreira]

President George W. Bush



[Paulo Ferreira]

sexta-feira, novembro 05, 2004

A Ler II

Este post no Abrupto.

[Paulo Ferreira]

Uma cidade em despedida



Jacinto João faleceu no passado 29 de Outubro. Um «desconhecido» que aprendi a respeitar, graças ao meu avô. Dizia ele que Jacinto João tinha as pernas tortas, tal como Garrincha. Que enfrentava as hordas inimigas sozinho, tal como Garrincha. Que era agreste mas humilde, tal como Garrincha. Que tinha um drible fenomenal, tal como Garrincha. Sobretudo, que era um jogador inultrapassável, incomparável, tal como Garrincha...

Mas há uma diferença: Garrincha era brasileiro, e Jacinto João (o «JJ», como, com afecto, lhe chamavam) era, mais do que português, «setubalense». Não nasceu cá, mas não seria mais amado pelos adeptos, antigos e recentes, velhos e novos, se tivesse nascido. «JJ», pelo que respeito que lhe é devido, e pelos espectáculos e memórias que deu ao Vitória de Setúbal, que nunca terão igual, tem um lugar no «canto de honra» de Setúbal, canto que poderia ser interminável.

Jacinto João não é património do Vitória. Como outros ídolos de outras gerações, o que deixou, não o deixou ao clube. Não o deixou à cidade. Deixou-o aos vitorianos. Aos setubalenses. Deixou-o ao coração de cada um. Não, Jacinto João não é de todos, nem é do Vitória. Mas sim o contrário. O Vitória de Setúbal e os seus adeptos serão sempre teus.

Terra de gente singular e simples, Setúbal alberga diferentes pessoas. Uma terra de querelas mesquinhas e de pouco amor à terra. No entanto, temos a compensação da morte. As gerações passam e os inimigos tornam-se menos inimigos. Os rivais habituam-se às fraquezas uns dos outros. Todos voltam a Setúbal para um último suspirar. Velhos, novos. Ricos, pobres. Bonitos, feios. Cultos, incultos. O meu avô, e Jacinto João, divididos apenas por uma admiração hierarquizante. São, agora, na morte, todos iguais. Todos vitorianos. Todos setubalenses. E em paz.

[João Silva]

That road will take me home



[João Silva]

A ler

No site de Ann Coulter: "Bush won the largest popular vote in history with a 3.5 million margin. Indeed, simply by getting a majority of the country to vote for him – the left's most hated politician since Richard Nixon – Bush did something "rock star" Bill Clinton never did. Bush maintained or increased his vote in every state but Vermont. Republicans picked up seats in the House and Senate, and continue to dominate state governorships. Also making history of a sort, Senate Minority Leader Tom Daschle lost his election, marking the first time in half a century a Senate leader has been defeated."

[Paulo Ferreira]

A não perder

Vasco Pulido Valente no "Público".

[Paulo Ferreira]

quinta-feira, novembro 04, 2004

Acinte

Nestes últimos dias, cheguei à seguinte conclusão: Portugal é um país de génios. Escondidos, é claro. Quando um indivíduo refere que a vitória de George W.Bush nas eleições americanas se deve à «profunda ignorância» dos americanos , só se pode deduzir que essa mesma pessoa é possuidora de um Quoficiente de Inteligência extraordinário. Pelo menos, se se tiver em conta que a hegemonia planetária dos Estados Unidos não deriva apenas de factores naturais. Porém, à medida que o tempo vai passando, a inteligência suprema dessas vozes enraivecidas vai-se metamorfoseando. Até se transformar em burrice.

[Paulo Ferreira]

Moment of Silence


Photo by Paul Morse

[Paulo Ferreira]

Exortação

Este senhor devia ler este post!

[Paulo Ferreira]

quarta-feira, novembro 03, 2004

Four more years



Mais 4 anos na Casa Branca.
Vejam nesta reacção um exemplo da visão essencial das nossas esperanças em relação a um novo mandato de George W. Bush.
God bless America.

[João Silva]

Bush against the world?

Também na mesma SIC Notícias, no Opinião Pública, um ouvinte lança um comentário muito pertinente (algo que escasseia neste espaço geralmente humorístico): que uma (possível) vitória de Bush será uma derrota, mais do que de John Kerry e da unanimidade burra, dos órgãos de comunicação, vulgo media, europeus. Depois de 4 anos de caricaturas de Bush, de fechar de olhos ao essencial das vitórias e das derrotas do Presidente Americano em favor de uma ideia feita de ignorância presidencial e da criação da negativa lenda de «o pior Presidente de sempre dos EUA», George Bush pode, dentro de algumas horas, ser a materialização da ignorância, não do gabinete da Casa Branca, mas dos jornais e televisões que aprenderam que o seu poder não é total.

[João Silva]

As time goes by

Por momentos, chegou-nos um pequeno aroma a vitória definitiva dos Republicanos, e a reeleição de G. W. Bush. À mesma altura, na SIC Notícias, já Eduardo Dâmaso afirmava: «vamos ser justos, é a derrota do Mundo inteiro». É por esta cultura de demonização que escolher Bush como Presidente se torna uma devoção e uma confiança tão individuais e tão sentimentais. É, também, por opiniões como a de Dâmaso que sou mais Americano do que «europeu».

[João Silva]

terça-feira, novembro 02, 2004

Uma questão sentimental

Nestas horas de ansiedade, em que ainda não se sabe quem será o próximo presidente americano, cheguei a uma conclusão: o que me une a George Bush é muito mais uma questão afectiva do que, propriamente, uma questão política.

[Paulo Ferreira]

segunda-feira, novembro 01, 2004

Recomenda-se

A não perder no "Público" esta entrevista a António Barreto.

[Paulo Ferreira]

Adeus ao Amor



Vem chegando o Outono.
E a árvore que segura, fraca, os teus retratos nos ramos
Envelhece e observa, enquanto a tua face
Vai ficando espalhada pelo solo, agora seco,
Que te viu nascer.
Misturando-nos com a terra egoísta,
Eu, tu e a tua leveza,
Vamo-nos perguntando, enquanto
Caminhamos para o destino imutável,
De que tamanho foi a tua queda.

[João Silva]