segunda-feira, outubro 11, 2004

Review on Brooklyn

Acerca do último post - Brooklyn is everywhere - recebi algumas objecções. Uma delas foi acerca de De Palma. Ou seja, que eu afirmei que o realizador era «mais recente» que Scorsese e Coppolá, não sendo (eram da mesma universidade). O que eu afirmei era verdade...e não era. Passo a explicar. De Palma «surgiu», para mim, com Scarface (o Scarface de Pacino). Anteriormente, já tinha introduzido Robert De Niro com Wedding Party e Greetings, dois filmes menores de comédia. Mas só com Scarface adquiriu uma certa linha nos filmes policiais, e de acção (cuja inspiração vem, naturalmente, da sua «escola», que é a mesma de Scorsese). É neste que, na minha opinião, solidifica a sua visão destas histórias, visão que atinge o auge em Carlito's Way - na minha humilde opinião, um dos maiores filmes de sempre do género.

Também referi a «técnica», e aqui haverão equívocos. Disse que Tarantino e De Palma tinham técnicas mais apuradas, mas não era isso que eu queria dizer. Como devem saber, Scrosese é, para mim, intocável, e a técnica é uma das razões. O que eu queria dizer era que tanto De Palma como o realizador de Pulp Fiction exploram mais os chamados clichés, e aí exageram muito as perspectivas: os slow-motions, o behind view, e alguns «truques» que fazem a diferença num filme de acção decente. A técnica, aí, é «refinada». Os filmes são posteriores a um grande quantidade de filmes de Scorsese e, à excepção do terceiro da saga, a Godfather. Os clichés nas cenas de De Palma são deliberados, os exageros físicos e na violência em Tarantino são, à sua maneira, caricatos e geniais - Tarantino é um revolucionário que tem o seu mérito (e nem vou muito com os inovadores).

Quanto a Leone, que acharam supérfluo no conjunto, têm razão. Tem uma influência desmesurada nas cenas de acção do cinema americano (Tarantino é um herdeiro descarado), mas não pode ser inserido na «escola de Brooklyn». Uma vez mais, há equívocos de ambos os lados. Falei em legado de Leone juntamente com os outros, mas no que refere ao tema: vingança. Aí Leone é, até, para além dos outros quatro, inultrapassável, especialmente no que toca à passagem do Once Upon a Time para o cenário dos Estados Unidos (Brooklyn, of course), culminando no Once Upon a Time in America (bendito De Niro). Espero que não haja mais divergências.

[João Silva]