segunda-feira, setembro 27, 2004

Die dichter spricht



Uma vez um Poeta falou-me numa Floresta, de Terras e Gentes Longínquas, onde borboletas subtis e brilhantes voam em estonteantes arabescos, como se à Cabra-Cega brincassem, em torno de flores amarelas, verdes, azuis... como um grande Carnaval de qualquer cidade mágica. Falou-me ainda dos únicos dois habitantes, o selvagem Florestan (que, por vezes, com o seu entusiasmo desmesurado, corria tresloucadamente, como se fosse um Cavaleiro montado num Cavalo de Pau), e o pensativo Eusebius (este sempre sério demais).
Lembro-me que crianças pediam ao Poeta que lhes contasse Histórias Curiosas, de grandes acontecimentos, daquelas que ao início metiam medo, mas terminavam sempre numa Felicidade quase perfeita. Crianças adormeciam e, ao som da voz melancólica, por vezes triste, do Poeta, passavam a viver nesse mundo de sonhos maravilhosos.
Esse Poeta de que vos falo é Robert Schumann.

[Gonçalo Simões]