sábado, setembro 11, 2004

Compaixão

Poderá ele existir sentimento mais revoltante que a compaixão?
Afinal que representa a compaixão? Um sentimento de gostar aliado, em tudo, a um sentimento de pena. Haverá sentimento mais revoltante? Para Nietzsche, com certeza que dificilmente e por mim, terá razão. Afinal que nos traz a compaixão? É um sentimento de protecção para com algo inferior a nós, algo incapaz de atingir um estado próprio que precisa da nossa pena.
Para Nietzsche, o sentimento de compaixão advinha do Cristianismo, esta sendo como a grande lição deixada por Jesus. Mas, Deus, o Deus do antigo testamento, que em tantas outras religiões é ainda o único livro verdadeiro, não apresenta qualquer tipo de compaixão. O Deus, é um Deus vingativo e punitivo.
Será que Nietzsche teria razão? Será que a compaixão enfraquece o homem. Pois sim, enfraquece. Enfraquece, até nos reduzir a um nada, até à nossa própria insignificância. Reduz-nos, no sentido em que pensamos que poderíamos ser nós naquela qualquer situação, apesar de não sermos. E aí, nesse momento, entendemos que poderíamos ser nós, que somos insignificantes na roda da vida.

Mas apesar de tudo, é estranho, ou talvez não, eu embutido no espírito do Cristianismo desde cedo em minha casa e até na escola (malditas horas passadas em Religião e Moral, verdadeiro tempo perdido), não consigo de deixar de sentir compaixão em certos momentos da minha vida, por alguns seres, humanos ou não, que me rodeiam. Mas ao mesmo tempo odeio a ideia de alguém sentir compaixão por mim. Será da religião? Agora sou perto do Ateu ou de um modo mais subtil Agnóstico. Mas será ou não a compaixão um sentimento inerente ao homem, tal como os 7 pecados mortais da tábua?
Sinto compaixão, sim. Compaixão pelos fracos e oprimidos, tal cavaleiro da Tábula Redonda do Reino de Arthur.
Teria Nietzsche compaixão por mim por isso?

[Tiago Baltazar]