quinta-feira, julho 08, 2004

Pequenos grandes homens

Tal como o Paulo, já há alguns anos que espero um «salto de fé» de Marques Mendes. Espero, sobretudo, que demonstre a sabedoria de anos e anos na sombra de políticos de renome e a experiência de uma sapiência demonstrada em gabinete e não nas praças e feiras. No entanto, à semelhança de um barco sem comandante, quando «cai» um líder o escolhido nem sempre é o oficial competente, mas o apaziguador das massas, aquele de quem todos gostam porque faz o que sabe, em vez de saber o que faz.

O Paulo refere, e bem, o Contra-Informação. Esse fenómeno contagia uma epidemia populista sem igual. De figuras públicas a divindades de chuteiras, todos são caricaturados, gozados e exagerados. Na mais pura aceitação. A figura pública deixa o povo enxovalhar porque não é popular «retaliar» ou queixar. Ou seja, gostam. E, se não gostam, fazem acreditar que gostam. Marques Mendes é um deles. Gosta da sua caricatura. Porque, simplesmente, nada pode contra ela. Contra o poder da televisão. Tal como Marcelo Rebelo de Sousa parece mais do que é através do écrã de televisão, Marques Mendes parece muito menos quando representado pela minúscula marionete do Contra-Informação. Sobretudo, deixou-se derrotar pela imagem que o povo tem dele.

Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes, em vez de desistirem do governo, deveriam ficar. Como cidadão em exercício, sinto-me representado pelo que resta de bom-senso e honestidade no topo da pirâmide política, nunca por Santana Lopes. Não tenho nada contra ele, a não ser o futuro do país. Porque as excepções sempre fizeram História na Europa, pela negativa...

[João Silva]