sábado, julho 10, 2004

O inevitável tabefe

"A partir de agora, os pais ingleses vão ter de pensar duas vezes antes de levantarem a mão para bater nos filhos. O Parlamento britânico aprovou na segunda-feira passada, dia 5 de Julho, uma lei que protege as crianças de castigos físicos que provoquem danos morais e físicos de gravidade. A proposta foi apresentada por um deputado liberal-democrata e vai substituir a legislação anterior, que resistiu a dois séculos de vida: a antiga lei remonta ao século XIX e permitia aos pais utilizarem a violência física sobre os filhos desde que não ultrapassassem os limites da “razoabilidade”.
O Governo apreciou ainda uma proposta, bem mais radical, que previa a proibição absoluta dos castigos corporais. Afinal, vingou a tese de que castigar pode ter de implicar um açoite mas pouco mais do que isso
”.

[“Sábado”]

Gostaria de vir aqui defender o “tabefe”, defendendo e plagiando os argumentos usados por Nelson Rodrigues. Porém, julgo que não vale a pena. Felizmente, o tabefe que os pais usam para refinar a educação dos miúdos ainda não está em perigo de extinção. A lei aprovada em Inglaterra não desrespeita em nada o direito que os pais têm de educarem os filhos como pretendem, nem sequer os impede de recorrer à palma da mão, de modo a darem uma pequena achega à educação dos pequenos diabos que têm em casa
Contrariamente ao que se possa pensar, esta lei não vai alterar o modo de vida das famílias normais, das famílias que não recorrem à brutalidade nem à violência para educar os seus filhos. Apenas vai mudar a vida de quem descarrega as suas frustrações diárias para cima dos filhos, através de pancada a sério. O tabefe, esse, não entra nestas contas.